A sessão de abertura da programação se dá como exemplo da envergadura cinematográfica de Cristina Amaral, montadora de mais de 50 filmes. Inicia com o curta-metragem “Abá” (Raquel Gerber e Cristina Amaral, 1992), que com sua “poética concisão”, para usar a expressão do pesquisador e professor André Brasil, mostra o encontro transatlântico de cosmogonias e espiritualidades entre Brasil e África. Um curta documental que faz do transe das religiosidades de matriz africana no Brasil uma experimentação estético-formal.
O material usado em “Abá” foi filmado por Raquel Gerber e não coube no longa-metragem “Orí” (Raquel Gerber, 1989), que será exibido em seguida do curta-metragem, fazendo da sessão de abertura do 6º Cabíria Festival Audiovisual uma das raras sessões a exibir os dois filmes juntos. Por meio de uma estrutura ensaística e montagem proeminente, “Orí” mostra a efervescência política, intelectual acadêmica, cultural, artística e religiosa dos negros presentes em São Paulo nas décadas de 1970 e 1980. A narração é da historiadora, militante e poetisa negra Maria Beatriz Nascimento (1942-1995), cuja biografia pessoal é mobilizada ao longo da obra.
18/07 - 20:30
CINESESC